Hélio Cláudio, coordenador do CADES JT- 2018/2020, consegue o apoio do Conselho para que o mesmo retome o ponto de monitoramento da qualidade das águas do córrego IPESP. Numa busca por colaborar com nosso meio ambiente, buscamos a reimplantação deste ponto de monitoramento desde meados de 2017. No ato da retomada em dezembro de 2018 tivemos a presença de Maria do Carmo Xavier, secretaria do CADES JT, Jacira Reis, conselheira CADES JT, Barbara-Pavs, Eliana Guarda-Sabesp, Coletivo Pedra90(plantios voluntários), Sra Helita; Sr Henrique, representando a Prefeitura Regional Jaçanã Tremembé; também os jovens do coletivo Geração Solidária bem como Alexandre, responsável pelo monitoramento do córrego água preta(Mandaqui). Na certeza de que a ação irá gerar resultados importantes para nossa qualidade de vida, fomentando assim a educação ambiental e participação dos estudantes da escola Estadual Cardoso, bem como de outros moradores, assim sendo, em dezembro de 2018 é retomada a medição, a qual fica na responsabilidade de Hélio Cláudio e CADES Jaçanã Tremembé com o apoio de parceiros. O objetivo será a busca de ações sócio ambientais com o apoio da comunidade local, mostrando a importância da melhoria da qualidade do Córrego IPESP. Histórico: O ponto era monitorado pela ONG Planeta Verde Trabalho com mudas muda mentalidade De uma realidade com poucas perspectivas e longe do respeito ao meio ambiente, jovens se tornam monitores ambientais com apoio da ONG Planeta Verde e passam a lutar pela água e pela biodiversidade, multiplicando o que aprendem Das Palmas do Tremembé, zona norte de São Paulo, a notícia foi levada por um jardineiro aos vizinhos no Jaçanã e daí seguiu para o Tucuruvi e Guarulhos. Estamos falando do boca-a-boca que atraiu cerca de 30 jovens para um curso de formação de monitores ambientais da ONG Planeta Verde, realizado em 2004. Ao redor de uma mesa, Omar Leandro Youssef Mansour, Elias Cristiano Gonçalves de Alcântara Santos, Thiago Floriano e Rafael Alvez, alguns dos 15 jovens que se formaram pelo curso, fazem questão de dizer seus nomes completos e explicar o funcionamento do curso. “Ele estava dividido em básico, com aulas de português, matemática e geografia, e técnico, com aulas de jardinagem, paisagismo, horta, viveiro, ecologia, monitoramento ambiental e um estágio no Horto Florestal”, conta Omar, o líder da turma. Também está presente à conversa na sede da Planeta Verde, que mais parece um sítio, Ariane Souza. Ela não vem do curso de monitoramento, mas sim de um curso de agente ambiental, ligado ao programa governamental Bolsa Trabalho. Monitoramento: Naquele mesmo ano, Romilda Hadad, uma das diretoras da ONG Ecos do Vitória, colocou em contato com o grupo Gustavo Veronezzi, monitor da SOS Mata Atlântica para as atividades do projeto Mãos à Obra pelo Tietê na sub-bacia Pinheiros-Pirapora. Após o treinamento, deram início às análises do córrego do Ipesp – nome do condomínio que fica próximo ao curso d’água. O córrego deságua no Tremembé, que por sua vez dá no Cabo Sul de Cima, que alimenta o Tietê. “As análises mensais dão resultado ruim, principalmente em dia ensolarado, porque aumenta a concentração de amônia”, explica Omar, o guardião da maleta. “Esse esgoto vem de escolas, do condomínio e de um posto de saúde que fica próximo.” Para ele, a recuperação do córrego é possível. “O primeiro passo é reconhecer que o rio não é um canal de esgoto”, enfatiza Omar, preocupado com os efeitos de uma urbanização mal feita. “Pra você ter uma idéia, mais para cima está tudo urbanizado e a nascente corre por cima do asfalto.” Um segundo passo para a revitalização seria a recuperação das margens, muitas vezes tomadas por lixo e sem mata ciliar. “Em terceiro lugar, é preciso conscientizar, ministrar cursos, dar palestras, mostrar a importância das árvores e do projeto Tietê”, completa. “A idéia de conscientizar é evitar que as pessoas não joguem lixo na rua e no córrego. Se conseguirmos sensibiliza-las, podemos até chegar num abaixo-assinado contra o lançamento de esgoto no córrego.” Pequenos Projetos? A revitalização do córrego do Ipesp virou proposta apresentada à linha de Pequenos Projetos do Mãos à Obra pelo Tietê. Aprovado em 2004, pela SOS Mata Atlântica, as primeiras atividades do projeto - coordenado por Elaine Silva, ecóloga colaboradora da Planeta Verde - tiveram início em janeiro desse ano, com divulgação porta a porta nos condomínios e eventos com a comunidade. “Uma ferramenta que temos para esse trabalho é o viveiro com distribuição de mudas”, explica Omar. O viveiro dá oportunidade para o grupo entrar em contato com a comunidade e com as escolas, apresentar o trabalho da ONG e cultivar as plantas para recompor a mata ciliar. Ipê, pata-de-vaca, dajacena... Enquanto nomeia algumas das espécies que produzem, Omar revela que, desde que a Planeta Verde foi criada há 14 anos, já distribuíram 500 mil mudas entre trabalhos feitos para o Parque da Juventude, no extinto Carandiru, praças em Santana e no Jaçanã e para a comunidade local. Outro projeto do grupo é oficializar o terreno que ocupam, que é da prefeitura, como parque. A área, que era usada em parte para aterro de entulho, guarda em 20 mil m2 trechos originais de Mata Atlântica, além de servir de habitat para animais como o sagüi, a cobra de vidro, inúmeras aves e a borboleta azul, que está em extinção. Existe ainda uma área adjacente com mais 15 mil m2 e que faz parte do mesmo terreno, mas foi invadida há anos, quando uma empresa montou ali três campos de futebol. “Meu sonho era reflorestar tudo aquilo”, conta Omar. “O Parque Municipal Sena foi aprovado em 2003, mas o Depave ainda não liberou a verba”, conta Omar que está com as esperanças renovadas, após uma equipe de técnicos ter visitado o local recentemente para fazer fotos. “O dinheiro é para manutenção, trilha para caminhada, educação ambiental, viveiro de plantas e o ecoponto (local para coleta de lixo reciclável, monitoramento da água e conscientização através de palestras eventos e publicações).” Uma vez que a proposta do parque-modelo dê certo, Omar pensa em pegar outra área do bairro para administrar e recuperar. “Aqui é um bairro nobre, que tem diversas áreas de mata, só que todas com lixo”, conta Omar, que mora em uma região bem menos privilegiada. A idéia é outra “... É um trabalho gratificante; o curso é muito bom; mostrou outro mundo: o que é meio ambiente, a beleza de trabalhar com o público – o reconhecimento, a conscientização, o monitoramento...”. Com um jeito desprendido, Omar vai deslizando suas impressões sobre a experiência que tem vivido. Se até agora o grupo estava mais calado, ouvindo o colega contar o dia-a-dia do projeto, quando o assunto é experiência de vida ficam ansiosos para deixar um relato pessoal. Ariane, por exemplo, conta que há algum tempo tinha vontade de fazer curso sobre meio ambiente. “Uma vez, visitei um aterro sanitário e vi que a nossa parte não é só trabalhar e deixar o lixo na porta de casa para ser levado embora”, conta ela, que passou a pesquisar coleta seletiva e a ficar atenta às conversas com a população. “Esse é um jeito de mapear o que as pessoas pensam.” Thiago traz relatos enfáticos sobre a mudança de mentalidade: “Eu era robotizado, meio inimigo do meio ambiente”, conta o rapaz que já foi “baloeiro” – aquele que solta balões – e até derrubou árvores. “Depois que eu fiz o curso, as escamas do olho caíram. Comecei a reparar na natureza com outros olhos, pelo que é belo.” Thiago diz que continua com o sonho de ser engenheiro mecânico: “mas agora eu quero fazer pneus ecológicos, carros que não poluem.” Quando Elias fala de como entrou para o grupo, não esconde sua motivação: “Fiquei sabendo da bolsa de R$ 50. Só queria receber a ter a presença.” Nessa época, Elias conta que era adepto de práticas de vandalismo. Mas as coisas mudaram: “Conforme foi passando, vi que não tinha porque trabalhar com carteira se aposentar e ser esquecido. Vi que podia abrir portas para mim e ajudar os outros.” O rapaz que tem curiosidade em entender as leis e quer fazer direito, conta que sua luta atual é para tirar o Parque Sena do papel. “O curso foi uma experiência nova: antes eu jogava lixo na rua, não queria saber de fauna e flora. Agora mudou”, conta Rafael que ficou sabendo da oportunidade na escola. “A minha meta é entrar para a aeronáutica, mas quero continuar ajudando no Parque e ver que fiz parte dessa história.” Quanto aos planos de futuro, Omar quer fazer curso superior de biologia e talvez se especializar em pássaros, que é sua paixão. Mas não esconde a vocação pelo ativismo ambiental: “Quero ser monitor ambiental da cidade.” Hoje, além das mudanças de comportamento, todos têm histórias de como influenciam amigos e as pessoas da família, que deixaram de jogar lixo na rua, passaram a se interessar pela questão ambiental e, em alguns casos, até cultivam pequenas hortas em casa.