No Parque Estadual do Jaraguá, coleta de água e lixo pode salvar nascente Desde 2003, o Instituto de Ação Cultural e Ecológica (IACE), localizado na capital paulista, vem monitorando a qualidade da água próxima à nascente do rio que corre pelo Parque Estadual do Jaraguá e, nesse trajeto, vale-se do apoio do Instituto Florestal e da confiança conquistada pelo projeto de coleta seletiva ‘Somos Todos Aprendizes’ Quando fundou a OSCIP Instituto de Ação Cultural e Ecológica, há cinco anos, Jonathas Russomano já atuava na produção de eventos e atividades ambientais. Dessa ligação, nasceu o projeto ‘Somos Todos Aprendizes’, que leva às escolas públicas e privadas oficinas de reutilização de embalagens PET pós-consumo, habilitando crianças a criarem objetos e brinquedos. Através do contato com os oficineiros e monitores, capacitados pelo IACE, as crianças conhecem os diferentes tipos de materiais, discutem a importância da separação do lixo dentro de casa e descobrem as possibilidades do reaproveitamento do plástico. Paralelo ao trabalho de educação ambiental nas escolas, o IACE desenvolve o Projeto Recriar – Educação Ambiental e Coleta Seletiva, que foi criado para cobrir a deficiência na gestão de resíduos sólidos. O projeto abrange todo o processo de gestão do lixo: implanta programas de coleta seletiva, fornece coletores em regime de comodato, faz periodicamente a coleta de recicláveis em diferentes lugares, separa e trata esses materiais, finalizando na comercialização direta com as indústrias de reciclagem. São realizadas também palestras e eco-oficinas nos locais onde são implantados os programas ambientais. De acordo com Jonathas, opera-se mensalmente cerca de 50 mil quilos de material reciclável. E a coleta de lixo está indiretamente ligada à questão da preservação dos recursos hídricos. Em 2003, o IACE se engajou no projeto Mãos a Obra pelo Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica, e, desde então, vem monitorando um trecho próximo à nascente do rio que atravessa o Parque Estadual do Jaraguá, ligado à Bacia Hidrográfica Pinheiros/Pirapora. Na reserva vive uma comunidade indígena, além de populações que habitam no entorno do parque, carecendo de maior conscientização para a destinação dos resíduos. “A proposta é fazer do monitoramento um programa educativo, no qual a gente possa levar estudantes da rede pública, sobretudo das escolas próximas à área, para acompanhar o trabalho de coleta da água”, afirma ele, que lamenta a falta de apoio público para viabilizar o contato dos alunos com a reserva, mesmo sendo membros do Sub-Comitê de Bacia Hidrográfica Pinheiros Pirapora SCBH-PP. Ao falar do envolvimento do IACE no monitoramento da água, Jonathas enfatiza o apoio do Instituto Florestal na reserva, pela figura de seu diretor, Vladimir Arrais, que segundo ele, é responsável pela preservação da biodiversidade local. Recentemente, a gestão da reserva, que estava sob a administração da Secretaria de Esportes e Turismo, passou às mãos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o que representa uma vitória. “A nova administração tem mais autonomia para elaborar políticas de manejo e de utilização pública sem que haja degradação dos recursos naturais do parque, inclusive atrair mais investimentos”, acredita. A mudança de gestão também poderá significar uma atenção maior por parte do poder público às iniciativas voltadas à preservação da paisagem. O IACE está estudando a possibilidade de se criar um veículo informativo para divulgar entre os freqüentadores do Jaraguá o trabalho de monitoramento da nascente do rio – desconhecido pela maioria do público. Além de tomar conhecimento da atividade, as pessoas poderão acompanhar o processo de coleta da água e análise do material. “É importante mostrar aos usuários do parque que a qualidade da água da nascente é boa e que se conscientizem que também são responsáveis por mantê-la assim”, aposta Jonathas. Na trajetória percorrida por pessoas que assumem o papel de educadores ambientais, o apoio de órgãos públicos e da iniciativa privada representa um passo fundamental na concretização de programas comunitários de sensibilização dos cidadãos. Dessa forma, o IACE está desenvolvendo o projeto ‘Somos Todos Aprendizes’, que realiza gratuitamente ações de educação ambiental em escolas públicas e privadas. O projeto se tornou possível pelo apoio do Instituto Unilever, Hellmann’s e do Ministério da Cultura. Enquanto busca novas parcerias, sobretudo para trazer infra-estrutura necessária à participação comunitária no programa de preservação da água no Parque Estadual do Jaraguá, o IACE trabalha na reformulação do portal do Instituto, onde haverá um link com as ações da entidade, incluindo as atividades de monitoramento do rio. “Vale a pena transmitir dados e descobertas para as pessoas, pois quando elas adquirem informação se sentem mais fortes e estimuladas para partir para a ação e reverter o que parecia irreversível”, conclui Jonathas.