Alerta

Bacia
Pinheiros-Pirapora
Cidade
São Paulo/SP
Corpo d´Água Monitorado
Águas Espraiadas
Ponto Monitorado
Piscinão -23.62419189313,-46.676779424473
Tipo
0
Faixa Etária
Misto

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Sobre o Grupo

Na região da Águas Espraiadas, sensibilização para nascentes urbanas Apesar do trabalho de conscientização ambiental que vem realizando na área do córrego Águas Espraiadas, entre os bairros de Santo Amaro e Jabaquara, na capital paulista, a ONG Alerta ainda sofre com a dificuldade de acesso às comunidades locais. A receita é simples: junte num mesmo ambiente um grupo de amigos engajados em questões sociais, alguns com experiência na militância política, e levante os problemas mais contundentes de sua região; o resultado, será a transformação de ingredientes ideológicos em propostas de intervenção direta na realidade local. Assim nasceu a ONG Alerta, que desde 2000 tem se engajado em projetos voltados ao meio ambiente. “O objetivo é discutir idéias e propostas que reduzam a degradação ambiental e possam influenciar políticas públicas. Estivemos na Pré-Rio+10 e em outros encontros sociais, onde houve espaço para expor nossos projetos baseados na Agenda 21 e na Plataforma de Kyoto”, explica Rodrigo Barrales, um dos fundadores da Alerta. O trabalho de monitoramento da água do córrego Águas Espraiadas, apelidado pelo próprio grupo de córrego Roberto Marinho – depois que a Avenida Águas Espraiadas teve seu nome alterado sem consultas prévias à população do bairro –, começou em 2004, com a participação dos coordenadores da Alerta no programa de capacitação do Núcleo Pró-Tietê. O córrego atravessa os limite entre os bairros de Santo Amaro e Jabaquara, e no seu entorno existem quatro comunidades carentes que não contam com os serviços básicos de saneamento da prefeitura. “O esgoto, não só o das comunidades carentes como também de outras partes do entorno, vai direto para o córrego, que acabou se tornando um depósito de lixo a céu aberto”, conta Renata Lobo, na Alerta há pouco mais de um ano e uma das participantes do monitoramento. Desde que começaram o trabalho de monitoramento do córrego, constataram que suas águas tem uma qualidade ruim e, durante esse tempo, por indicação da ONG Alquimia, monitoraram três nascentes que existem no espaço da própria ONG, concluindo que essas águas também não estavam com boa qualidade. “A população local também sofre com problemas constantes de falta de fornecimento de água”, explica Rodrigo. A dificuldade vivida pelos coordenadores da Alerta para iniciar um diálogo direto e contínuo com os moradores das comunidades do entorno do córrego deu origem a uma parceria com a ONG Alquimia, dirigida por lideranças locais. A união acabou transformando a entidade comunitária numa ponte de ligação entre os problemas da região e as metas de intervenção direta apresentadas pela entidade. “O trabalho com a Alquimia foi o passo para um contato mais próximo com os habitantes das comunidades carentes. O bom é que a Alquimia está receptiva ao desenvolvimento das ações ambientais propostas pela Alerta, vindo a complementar aquelas já realizadas por nós e preocupando-se em atender crianças do entorno na área alimentar, educacional e em solucionar a falta de espaços para elas passarem o dia enquanto suas mães trabalham”, diz Rodrigo. E é na dificuldade em sensibilizar as comunidades para a situação do rio que Rodrigo identifica o cerne do problema sócio-cultural das comunidades locais. “Essas pessoas não conhecem outro ambiente senão aquele em que as condições de saneamento e saúde são as piores possíveis. O meio de vida no qual esses moradores estão inseridos, e que constitui a realidade de cada um, tem outras prioridades”. Uma observação sutil permite perceber tal dificuldade. Em 2004, o coordenador da Alerta viveu na pele o desafio de sensibilizar os moradores e outros públicos, quando levou um grupo de estudantes de jornalismo, no dia das eleições municipais, para cobrir a coleta de água. Segundo ele, o grupo foi abordado por um rapaz, cuja origem poderia nem ser da comunidade, exigindo que deixassem o local e ameaçando chamar os ‘patrões’ se fosse necessário. Embora tenham tentado argumentar com o cidadão sobre a intenção exclusiva de coleta da água do córrego, “não teve jeito, o cara foi ficando nervoso, coletamos um pouco do material e rapidamente tivemos que ir embora”, relata. Não há dúvida de que o trabalho de campo é a melhor ferramenta para se compreender a noção do lugar ocupado por cada indivíduo em seu ambiente. Certa vez, quando ia coletar água do córrego para análise, Renata foi questionada por uma menina se poderia ir junto brincar com ela. Ao ouvir que ali não era um bom lugar para brincadeiras, com a água suja podendo provocar problemas de saúde, a garota rebateu espantada: “Mas eu sempre brinquei aqui!”. A experiência vivida pela coordenadora da Alerta ratifica, portanto, a idéia de que a sensibilização comunitária para intervenção direta nas questões ambientais é um trabalho árduo, de paciência, contato inter-pessoal e dedicação para a constante troca de conhecimentos. O caminho a ser percorrido esbarra na falta de espaço às propostas que ‘chegam de fora’. A Alerta acredita, assim, ser necessário espaços de construções coletivas, e é o que vem buscando independente da quantidade de trabalho que vem pela frente, envolvendo o entorno. Um hiato de falta de informação que, na verdade, poderia ser preenchido pelo interesse e a geração de programas pelo poder público. Adiciona-se a isso, a política de grande parte das administrações públicas de suprir carências imediatas sem levar em conta a implementação de programas contínuos de saúde, saneamento e preservação do meio ambiente local. “Durante a administração Pitta, foi construído ao lado do córrego Águas Espraiadas um piscinão para evitar enchentes no entorno. No mesmo período, a prefeitura ergueu um centro de lazer ao lado do piscinão, ou seja, encostado ao esgoto que se acumula na área. E é justamente ali que as crianças e os jovens das comunidades passam boa parte do tempo, por isso aquela menina, que no dia do monitoramento queria brincar no local, achava normal utilizar tal espaço”, constata Rodrigo. A parceria entre a Alerta e a Alquimia continua, nesse contexto, como um dos roteiros mais adequados para que os programas ambientais cheguem às comunidades vizinhas ao córrego Águas Espraiadas. Isso se o fogo não chegar antes aos barracos, pois como coloca uma das líderes comunitárias, há risco freqüente de incêndios, intencionais ou não, na área.

Período de Análises:

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