A bacia hidrográfica do Rio Gravataí pertence à Região Hidrográfica do Guaíba, composta por nove municípios (Porto Alegre, Canoas, Alvorada, Viamão, Cachoeirinha, Gravataí, Glorinha, Taquara e Santo Antônio da Patrulha) em uma área de 2.020 km². Estima-se que a população residente na bacia hidrográfica do rio Gravataí seja de 1.255.730 habitantes, considerando população urbana e rural. Para a elaboração do Plano a bacia hidrográfica do Rio Gravataí, a bacia foi dividida em quatro unidades hidrográficas menores, sub-bacias, e em sete Unidades de Gestão territorial: Alto Gravataí – Formadores (13%); Alto Gravataí - Banhado Grande (26%); Médio Gravataí (43%); Baixo Gravataí (18%). Os principais afluentes do Rio Gravataí são os arroios, na margem direita: Brigadeiro, Barnabé, Demétrio, Pinto, Passo Grande, Miraguaia, Venturosa, Veadinho, Chico Lomã; na margem esquerda os arroios: Areias, Sarandi, Feijó, Águas Belas, Passo dos Negros e Alexandrina. A Bacia do rio Gravataí localiza-se em parte no Bioma Mata Atlântica (25% da área da bacia) e parte no Bioma Pampa (75% da área), e a vegetação natural é caracterizada pela presença de Floresta Estacional Semidecidual, além de Áreas de Tensão Ecológica. Considerando a cobertura do solo, seu uso e ocupação, indicaram que prevalecem áreas de campo (50,81%), lavoura (19,98%), mata (11,12%), área urbana (7,65%), banhado (3,96%), água (2,04%), campo úmido (1,06%), solo descoberto (2,43%) e reflorestamento (0,89%). A bacia apresenta como peculiaridade uma grande extensão de banhados (Complexo do Banhado Grande, formado pelos Banhados Grande, Chico Lomã e dos Pachecos) e áreas inundáveis localizadas em uma porção de terras baixas, limitada pela Coxilha das Lombas e a encosta da Serra (SOUZA, 2008). O Banhado Grande (Unidade Alto Gravataí) e dos Pachecos (Unidade Médio Gravataí), além das águas das chuvas, são alimentados por águas provenientes de pequenos rios e arroios, que drenam as partes altas da bacia e atuam como reservatórios naturais reguladores das vazões ocorrentes no rio Gravataí. As unidades de conservação mapeadas na bacia do Rio Gravataí são o Parque Natural Municipal Dr. Tancredo Neves, em Cachoeirinha, o Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, em Viamão, a Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Jacuí, em Porto Alegre e Canoas, APA do Banhado Grande, inserida nos municípios de Glorinha, Gravataí, Viamão e Santo Antônio da Patrulha, e as RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Farroupilha, Reserva Particular Prof Delmar Harry dos Reis e Chácara Sananduva, localizadas no município de Viamão. Pode-se caracterizar o Rio Gravataí originalmente como sendo um rio com um comprimento de 39 km, originado de uma ampla área de banhados. Na década de 70, o Departamento Nacional de Obras de Saneamento – DNOS realizou obras de macrodrenagem que modificaram o leito principal do Rio Gravataí. Atualmente o seu percurso é definido por cerca de 100 km, com um trecho inicial (a montante) com cerca de 30 km de declividade mais elevada representado por um canal de drenagem artificial sobre áreas dos antigos banhados dos Pachecos e Grande, seguido por um trecho com características hidráulicas distintas, com menor declividade, maior dificuldade de drenagem, que se desenvolve por cerca de 70 km. Neste trecho, o rio apresenta restrição de escoamento dependente do comportamento do Guaíba, já que a altitude do leito do Gravataí em alguns pontos apresenta cota negativa ou mesmo nula, e, muitos pontos possui altitude inferior à do Lago Guaíba. As unidades de gestão com maior carga orgânica proveniente dos efluentes domésticos urbanos são as dos trechos do Baixo Gravataí, margens direita e esquerda, onde se localizam os municípios de Cachoeirinha, Canoas, Alvorada e Porto Alegre. Essas unidades de gestão juntas contribuem com 65,6% de toda carga orgânica de efluentes domésticos gerada nas zonas urbanas da bacia. Enquanto que para a área rural, os trechos Alto Gravataí – Arroios Grande e Miraguaia e Médio Gravataí – Arroios Demétrio e Pinto representam 57,6% da carga orgânica total proveniente dos efluentes domésticos rurais. A carga poluidora referente ao esgotamento sanitário e drenagem urbana, é de 67.809,5 kg DBO/dia (Demanda Bioquímica de Oxigênio por dia). Ao decidir que usos são pretendidos para as águas da bacia, também é definida a qualidade da água necessária para a manutenção desses usos. Isso impõe à sociedade da bacia algumas responsabilidades para a manutenção do enquadramento, como o estabelecimento de zonas de restrição de usos, regras para o uso das águas e parâmetros para o Licenciamento Ambiental. Metas Intermediárias de Enquadramento definidas no Plano de Bacia estabeleceram cenários intermediários, com horizontes temporais de 10, 15 e 20 anos, para o alcance do Enquadramento vigente. (Ver imagem abaixo) A qualidade das águas pode ser alterada devido a diversos fatores. Mesmo com a bacia hidrográfica preservada nas condições naturais, a qualidade das águas é afetada pelo escoamento superficial e pela infiltração no solo, resultantes da precipitação atmosférica, pois a água escoada ou infiltrada pode carrear partículas, substâncias e impurezas no solo. Neste caso, têm grande influência a cobertura e a composição do solo. De forma mais agravante, a interferência do homem, quer de uma forma concentrada, como na geração de despejos domésticos ou industriais, ou de uma forma dispersa, como na aplicação de defensivos agrícolas no solo, contribui para introdução de compostos na água, afetando a sua qualidade. Portanto, a forma como o homem usa e ocupa o solo tem implicação direta na qualidade das águas. No sistema hidrográfico do Gravataí, foram constatados 287 reservatórios, entre os quais naturais (Banhado Grande e Banhado dos Pachecos) e artificiais (açudes para diversos fins). Os reservatórios possibilitam o armazenamento de água nos períodos de cheia e liberação do volume armazenado nos períodos de estiagem, tornando disponível uma maior quantidade de água quando esta seria naturalmente menor. O volume total de água armazenada na Bacia é de 212.703.480,165 m³. A Região Metropolitana de Porto Alegre representa parte significativa do PIB Estadual, com destaque para as atividades industriais, serviços e agricultura. Os principais cultivos agrícolas nos municípios pertencentes à bacia são o arroz, a mandioca e a cana-de-açúcar, enquanto na pecuária destacam-se as produções bovina e de aves. Esta bacia apresenta relevante importância social, econômica e cultural. O parque industrial tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, bem como a população urbana. Este crescimento acelerado provocou um incremento da carga poluidora, gerada devido à irrigação de culturas, dessedentação de animais, lançamentos de efluentes domésticos e industriais, lixívia de resíduos sólidos, drenagem urbana, fontes difusas rurais e a precipitação de poluentes atmosféricos, potencializados pelas baixas vazões e inversões de fluxo que ocorrem devido à influência das alterações de nível do rio Guaíba (IPH/CPRM, 2002).
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