Primeiro Grupo Escoteiros São Paulo

Bacia
Pinheiros-Pirapora
Cidade
São Paulo/SP
Corpo d´Água Monitorado
Traição
Tipo
Outros
Faixa Etária
Jovens

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Sobre o Grupo

Escoteiros em ação na marginal Pinheiros Jovens do 1º Grupo de Escoteiros de São Paulo saem a campo para compreender fenômenos da degradação dos recursos hídricos em plena avenida dos Bandeirantes, marginal Pinheiros; aprendizado completa-se com visão integral do sistema de tratamento, do coletor-tronco da Sabesp à estação de Barueri Fundado em 1907 pelo general inglês Baden-Powell, o escotismo visa ao desenvolvimento de um comportamento baseado em valores éticos, espírito comunitário e aprimoramento da personalidade, principalmente através do contato direto com a natureza. Em São Paulo, o 1º Grupo de Escoteiros começa suas atividades em 1923 e, de lá para cá, contribui ativamente com a busca por uma melhor qualidade de vida e iniciativas de cunho social, seja em seu perfil extra-escolar seja como ONG de utilidade pública. A convivência com o escotismo esteve presente desde a primeira infância na formação do jovem Luiz Sertório, coordenador do grupo de monitoramento do 1o Grupo de Escoteiros. Seu perfil escoteiro é inseparável da busca por envolver ambiental e politicamente a ‘molecada’ – tratamento carinhoso que dá ao grupo de jovens com quem trabalha. Logo que soube do programa de análise da qualidade da água pelo colega de faculdade Gustavo Veronesi – responsável pelos grupos da sub-bacia Pinheiros-Pirapora, dentro do Mãos à Obra pelo Tietê -, Luiz se motivou a criar um grupo de monitoramento de jovens escoteiros. A idéia veio a calhar pois se ajustou a um dos pré-requisitos fundamentais para a conquista da insígnia de conservacionismo escoteiro, que implica na obrigação do candidato em participar de um projeto de cunho ambiental e, num segundo momento, de amplitude regional. O próprio caminho de aprendizado pessoal de Luiz Sertório esteve intimamente ligado às atividades comunitárias e de convivência com diferentes realidades socioambientais, dos bairros mais carentes da periferia paulistana ao cotidiano das aldeias indígenas da Amazônia. Com seis anos já freqüentava informalmente o grupo de escoteiros: foi lobinho, passou a sênior aos 15 anos e pioneiro aos 18, até atuar como assistente de chefia da entidade. Mas a participação no grupo diminuiu com a dedicação a novos trabalhos de caráter educativo: liderou estudos do meio com alunos do ensino médio através do projeto ‘Pé na Estrada’; estagiou no departamento de educação ambiental e planejamento da Secretaria Municipal do Verde, atuando na capacitação de lideranças e professores em Parelheiros; chegou a auxiliar o corpo de bombeiros em ações urbanas depois de se formar no grupo de resgate civil voluntário. Foi na ONG Ecoar que ele se aproximou do trabalho direto com populações excluídas da Grande São Paulo. Para conhecer e conscientizar os habitantes de áreas de risco, onde funcionam dutos de gás da Petrobrás, mapeou à pé mais de dez quilômetros de casas e moradias populares em Osasco e Barueri. “Foi um aprendizado de dupla mão, havia a busca por soluções para essa problemática urbana – representada pelo convívio com o risco de possíveis vazamentos -, mas também houve um maior entendimento sobre os anseios, sonhos e ideais comuns das pessoas em relação ao seu bairro”, destaca Luiz. Na seqüência do encerramento do trabalho, ele ainda passou seis meses em Pacáas Novos, Rondônia, trabalhando com índios da etnia Uruê Wau Wau. “Queria estudar populações que trabalham de forma comunitária e virei motorista de uma das aldeias. Aproveitei para abordar a questão do lixo e do despejo de pilhas, muito comum entre os índios, que costumam usar lanternas para caçar à noite”, conta Luiz. De volta à São Paulo, em 2003, foi durante uma das atividades de capacitação para a cidadania dos escoteiros, com discussões sobre meio ambiente, desigualdades sociais e união para a organização comunitária, que ele vislumbrou a oportunidade de organizar um grupo de monitoramento. A idéia adequou-se à necessidade dos jovens participarem de um projeto ambiental para obter a insígnia de conservacionistas. Para a ação, a equipe elegeu o córrego mais próximo da sede do Grupo de Escoteiros, no bairro do Brooklin, como ideal para a compreensão dos fenômenos de degradação urbana. Vizinho à Usina de Traição do rio Pinheiros, o córrego da Traição foi escolhido para a análise da água no trecho que margeia o rio Pinheiros, justamente no entroncamento entre a avenida Marginal Pinheiros e avenida dos Bandeirantes. Ao percorrer o espigão central que parte do Planalto Paulista em direção à Marginal, o córrego da Traição corre paralelo ao córrego do Sapateiro e ao Águas Espraiadas. Além de ter parte de sua calha acompanhada por bairros de classe média e média alta, como Brooklin, Campo Belo, Moema e Vila Olímpia, o córrego segue caminho ao largo do Pinheiros e, por essa proximidade, poderia ter sua qualidade associada à conhecida carga de poluição da região. Mas esse não foi o resultado apurado pelos 15 membros do grupo de monitoramento. Os jovens lobinhos e escoteiros observaram certa freqüência do nível ‘aceitável’ para esse trecho do córrego. Constataram então que os resultados relacionavam-se à ligação do córrego com o coletor-tronco da Sabesp, que transporta os resíduos para a estação de tratamento de Barueri. “Concluímos que este afluente só recebe esgoto das casas. Assim, a molecada pôde identificar os responsáveis pela degradação e pensar em ações que levem os moradores refletir sobre sua postura, como ir de porta em porta apresentando suas principais descobertas. O objetivo desse trabalho é despertar a consciência de pertencimento ao bairro, habitado ou freqüentado pela maioria dos escoteiros. Ao ampliar o conhecimento territorial e a percepção espacial, podemos entender os aspectos políticos e sociais que nos cercam e trazê-los para dentro do movimento escoteiro”, propõe Luiz. Pelo processo construtivo de aprendizagem, eles decidiram conjuntamente por atividades que ampliam sua compreensão da questão hídrica. Além da análise da água, fizeram visitas ao reservatório Guarapiranga, à estação de tratamento do Alto da Boa Vista - responsável pelo abastecimento da zona sul e sudoeste da metrópole -, à estação de tratamento de esgoto de Barueri e às obras dos coletores-tronco que transportarão os dejetos para fora da cidade – projeto criticado pelo geógrafo Luiz Sertório por transferir a responsabilidade da preservação a outra região. No momento, os jovens desenvolvem uma maquete de toda a bacia do Alto Tietê . Antes de partirem para a prática, porém, os escoteiros questionaram aspectos dos recursos hídricos, antes esquecidos em seu dia-a-dia. ‘Quais os caminhos da água da chuva em cada tipo de cobertura do solo? Quais as diferenças na velocidade da água? E da temperatura num dia ensolarado?’, foram todas provocações respondidas coletivamente. E mais: nessa hora eles puderam notar que o ciclo hidrológico depende tanto de fatores naturais - chuva, infiltração no solo, evaporação -, quanto das alterações desse ciclo - com a produção da cidade, a aceleração do escoamento superficial, a erosão, o assoreamento de fundos de vale -, até o chamado ciclo social da água, abarcando captação, tratamento, distribuição, coleta de efluentes e descarte. “Não queremos entender nomes técnicos de engenharia, mas por meio da vivência e percepção dos problemas locais, saber porque o córrego está contaminado. No caso do esgoto em bairros de classe média alta, isso ocorre, por exemplo, pela mistura da água pluvial com o esgoto das casas, num mecanismo que aos poucos os jovens vão aprendendo a desvendar”, finaliza Luiz. Fotos das ações no site criado pelo 1º grupo de escoteiros

Período de Análises:

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